sábado, 12 de outubro de 2013

Como construir um Universo

"Por mais que tente nunca vai conseguir perceber o quão pequeno, quão espacialmente insignificante é um protão. É simplesmente de uma pequenez inimaginável. 
Um protão é uma infinitésima parte de um átomo, que em si próprio já é também uma coisa insubstancial. Os protões são tão pequenos que a porção de tinta usada para pôr a pinta neste i pode conter qualquer coisa como 500 000 000 000 protões, mais do que o número de segundos em meio milhão de anos. Ou seja, os protões são extraordinariamente microscópicos, para dizer o mínimo. Imagine agora, se conseguir (mas pode ter a certeza de que não consegue), que encolhe um desses protões até uma bilionésima parte do seu tamanho, até uma dimensão tão pequena que, em comparação, um protão daria a impressão de ser gigante. Agora ponha dentro desse espaço infinitamente diminuto cerca de 30 gramas de matéria. Ótimo. Está pronto para começar um universo.
Partindo do princípio, claro, de que você quer construir um universo inflacionário. Mas se preferir construir um universo mais antiquado, do género Big Bang, vai precisar de mais material. Para dizer a verdade, vai precisar de reunir tudo o que existe – todo e cada grão e partícula de matéria surgidos desde o início da criação até agora – e enfiá-los num lugar tão infinitamente compacto que fica sem dimensão. Chama-se a isto singularidade.
Em qualquer dos casos, prepare-se para um verdadeiro Big Bang. É evidente que vai querer retirar-se para um lugar seguro, a fim de poder observar o espectáculo. Infelizmente, esse lugar não existe, porque, fora da singularidade, não existe onde. Quando o universo começa a expandir, não se vai espalhando para preencher um espaço vazio à sua volta. O único espaço que existe é o espaço que vai criando à medida que se expande." 
in “Breve história de quase tudo”
Bill Bryson

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